sexta-feira, 18 de maio de 2007
Instruções:
quarta-feira, 2 de maio de 2007
Como tudo começou
Uma breve conversa bastou, para nos apercebemos que o nosso casamento não iria ser o típico casamento português. Não houve tendas, cisnes ou fotografias idiotas (abrace lá o pinheiro e sorria s.f.f.).
Casámos de traje civil, com uns quantos amigos que nos resolveram surpreender, e com a nossa família mais directa a assistir. Feita a coisa, passámos dois dias em almoços e jantares de comemoração: com os amigos de um sítio, com a família, com os amigos de outro sítio…
E, a nossa lua de mel, planeada até à exaustão (comprámos um mapa a meio do caminho), começou numa manhã em que estávamos um pouco ressacados da(s) festa(s) anterior(es).
A ideia inicial, era percorrer o máximo de kms no país, passando por qualquer lado que ainda não conhecêssemos como casal, tendo como meta La Coruña. (sítio onde nunca chegámos a ir, mais tarde saber-se-á porquê?)
É essa a história, odisseia, viagem, que vamos aqui tentar descrever uns anos depois.
terça-feira, 1 de maio de 2007
1.º Dia – De Fátima à Praia do Porto Novo
Como era Domingo, não tivemos de pagar entrada, facto que desconhecíamos totalmente. E, descobrimos outra coisa que nos acompanhou durante toda as visitas: turismo em Dezembro é excelente. Poucos visitantes e pouca confusão.
Decidimos ir almoçar a Alcobaça. Nenhum de nós conhecia o Mosteiro, mas soara-nos que era tão bonito como o da Batalha. Nada mais mentiroso. É uma típica Sé Portuguesa, sem o impacto e o encanto da Batalha. Para piorar a decepção, toda a praça em frente ao mesmo estava em obras. Outra das coisas que descobrimos ao longo da viagem, era que nos perdíamos com alguma facilidade, devido à falta de placas a indicar localidades ou monumentos.
Como ainda estávamos a fazer contas ao dinheiro que tínhamos conseguido para a viagem, almoçamos a bela da tosta numa esplanada em frente ao Mosteiro.
Seguimos caminho para as Caldas da Rainha, e seguimos caminho pelas praias. Foz do Arelho, S. Martinho do Porto e Nazaré, onde fizemos outra das maravilhosas descobertas do dia: em Dezembro os dias acabam cedo.
Uma colega nossa de curso e a sua irmã ofereceram-nos um voucher para um Hotel na Praia do Porto Novo. Uma noite grátis num Hotel 5 estrelas (achamos nós), nada melhor para começar a nossa Lua de Mel.
Voltámos a descer o país, em direcção à Lourinhã e ao Porto Novo. Mas, não foi fácil encontrar o Hotel (novamente as placas). Quando demos com ele, no meio de um nevoeiro enorme e uma noite escura, foi uma visão do paraíso. Embora não desse já para ver nada, ao menos iríamos dormir em estilo.
Aconselharam-nos no Hotel (a irmã dessa nossa colega, que por sorte trabalhava lá nessa noite), a descermos mais um pouco até à Praia de Santa Rita e procurarmos lá um restaurante para jantar. Descobrimos um baratinho e impecável, onde comemos um maravilhoso peixinho.
Voltámos ao Hotel… estávamos arrumados. No dia seguinte, voltaríamos à estrada.
2.º Dia – Da Praia do Porto Novo a Aveiro
O único senão era estarmos na mesma sala que uma carrada de espanhóis que, como se sabe, onde vão armam barraca. Falavam muito alto e andavam a cirandar de um lado para o outro, ao ponto de eu estar à beira de largar um valente: “opá, e sentarem o rabo, não apetece?” pelo que o meu príncipe encantado da perícia social me sugeriu que me mantivesse sossegada. Eu mordi-me toda, mas estive caladinha.
(meto aqui a colher na descrição da mulher. Antes de continuarmos a viagem, ainda estivémos na praia a ver o mar, e eu a ver a sorte que tenho na mulher com quem me casei)
Bom, a paragem seguinte foi em Óbidos. O noivo já lá tinha ido, a noiva não, pelo que adorei aquilo. Fomos à magnífica dependência da Caixa levantar a maquia para o dia e o senhor que nos atendeu pareceu-nos extremamente simpático. Ou era isso ou éramos nós que estávamos no modo “bright side”. Calcorreámos a vila de fio a pavio e tirámos fotos a tudo, inclusivamente a um velhinho que estava a apanhar sol na soleira da porta e que fugiu logo. O dia estava muito quente, ao ponto de, em pleno mês de Dezembro, o noivo ter andado de t-shirt.
Por volta da hora do almoço zarpámos para Leiria onde descobrimos que tínhamos ganho 12 espectaculares euros no Euromilhões …que fomos derreter no MacDonald’s ao lado da tabacaria. Isto só pode ser um bom augúrio! – Pensámos nós…resta dizer que desde esse dia até hoje não voltámos a ganhar a ponta de um chavelho.Leiria não teve direito a visita porque o nosso objectivo do dia era visitar Conímbriga e Coimbra, e se possível, ir dormir a Aveiro, pelo que deglutimos os Big Mac’s já dentro do popó. Chegados a Conímbriga o tempo começou a arrefecer e a escurecer, de modo que Conímbriga ficou no nosso inconsciente como um local mais ou menos votado ao abandono. O percurso está assinalado com setas mas, sem direito a visita-guiada, tudo não passa de um monte de calhaus no meio de erva que demasiado alta…ao ponto de não se ver sequer os calhaus.
Fartinhos daquilo viemos embora com um mau sabor de boca. Encaminhámo-nos então para Coimbra. Coimbra é, de facto, uma cidade lindíssima e lúgubre ao mesmo tempo. Há uma aura de solenidade em cada cantinho da cidade. Gostámos muito. Novamente, não conseguimos dar com os sítios que queríamos às boas. O noivo quase que atropelou uma velhota à porta do Portugal dos Pequeninos (onde andámos às voltas …4 vezes …). Quando demos com o Convento de Santa Clara, descobrimos que aquilo estava em obras, mas, o senhor arrumador queria que pagássemos estacionamento que vem como bónus do bilhete…ora se não há bilhete…vão dar uma curva!
Fomos visitar a Universidade, demos umas voltas por lá, tirámos as típicas fotos do Mondego e calcorreámos um pouco da cidade (que tem um trânsito impróprio para cardíacos!). Soube bem.
Perto da hora de jantar rumámos a Aveiro onde nos esperava um belo colchão e um gato apanhado dos carretos!
Aveiro foi, desde sempre, na nossa opinião uma cidade de eleição para trabalhar e viver, e quisemos então usufruir do máximo do que havia para ver, e comer!!!
O nosso amigo LúciFer aconselhou-nos a visitar determinados sítios durante o dia seguinte, aquela noite estava reservada a outros prazeres: a francesinha aveirense!
Lembro-me que havia um jogo qualquer, pelo que fomos jantar a um sítio mais sossegado para pormos a conversa em dia nas calmas. A francesinha não era grande coisa. Comemos cada um a sua e a seguir fomos para outro spot, onde, aí sim, comemos umas francesinhas deliciosas. (2 cada um! Acrescente-se que já tínhamos uma no bucho …)
A noite passou-se bem. Demos umas voltas a pé pela cidade que estava iluminada com as luzes de Natal e enregelámo-nos até aos ossos!
Aproveitámos ainda para enviar umas traduções a um cliente e afundámo-nos no colchão que o LúciFer tão gentilmente nos cedeu para pernoitarmos.
3.º Dia – Aveiro
Pois, é o reservatório da água.
Tomámos o nosso banhinho (daí a utilidade do reservatório da água…) e rumámos à aventura...ou qualquer coisa do género.
O pequeno-almoço foi tomado numa das inúúúúmeras pastelarias venezuelanas da zona, cujo balcão nos põe em risco de afogamento em baba-própria…De barriga aconchegada fomos percorrendo as ruas da cidade até à Ria, que, devido à altura do ano, se encontrava cheia e pouco fedorenta. É que ao que consta o cheiro costuma ser poderoso.
Fomos visitando as ruas à volta da Ria, descobrindo Praças e Ruas em calçada portuguesa, onde o comércio tradicional ainda vive e as pessoas preenchem as ruas numa moldura humana bonacheirona.
Mas, temos também um dos melhores projectos de arquitectura moderna no Fórum Aveiro. Um centro comercial que não é um mamarracho no meio da cidade e onde se respira durante as compras.
Como tínhamos de enviar as traduções efectuadas no serão anterior, procurámos um espaço Internet em Aveiro. Descobrimos um depois de termos ido ao Turismo, E, surpresa das surpresas, fomos atendidos por um funcionário público simpático…NOT! Como imprimimos 4 páginas ao invés das 3 regulamentadas, o SINHOR apresentou queixa, deu tiros para o ar e gritou “que Alá guie as minhas balas!” Ou qualquer coisa assim, vá…
Como aquilo é muito grande a fome chegou que nem demos por ela. Encontrámos o nosso guia que nos levou à mais maravilhosa incursão pela gastronomia Aveirense: os hambúrgueres da RAMONA!!!! Para todos os que estão a pensar, o que raio é que os hambúrgueres têm a ver com isto, deixem que vos diga uma coisa: até comerem um hamburger com queijo, fiambre, tomate, alface, molho de cogumelos, ovo estrelado, batatas fritas e um hamburger de vaca do tamanho de um boião da Nívea (dos grandes), nunca comeram nada de jeito. Aquilo vem preso com um pau de espetada…não é um palito…um pau de espetada…shlerp…shlerp.
Com a barriga a parecer uma melancia, fomos beber café e deambular mais um bocado…pensámos em arrancar à tarde, mas o passeio foi-se alongando por Museus e Exposições, pelo que decidimos ficar por lá até ao dia seguinte.
Como decidimos pernoitar mais uma noite, fomos confirmar a verdadeira delícia dos hambúrgueres da RAMONA, que, caso não tenhamos mencionado anteriormente são DIVINAIS!!!!
O LúciFer nessa noite estava a trabalhar num Bar, ao que lhe fomos fazer companhia, tornando-nos parasitas de balcão ao lado de pitas que não o largavam…enfim, há coisas que não mudam.
4.º Dia – De Aveiro a Espinho
Resolvemos sair da cidade para tomar o pequeno-almoço. Se ficássemos lá, ainda éramos corrompidos pelo desejo de ali permanecer. E, escolhemos uma pequena vila chamada Salreu para o fazer.
Quando lá chegámos, ainda meio a dormir, entrámos no café sem sequer olhar em redor. Mas, ao sair, e com o café a fazer efeito, reparámos na beleza da terra. Uma bonita igreja rodeada de um jardim e jogos de água, no centro da vila.
E, as setas levaram-nos a Oliveira de Azeméis. Onde fomos surpreendidos com o mais lindo parque natural, o Parque de La Salette.
Tanta que a Maria resolveu ir comprar uns snacks num hipermercado para comermos ali, no parque de merendas (Nota: foi a refeição mais cara que tomámos ao longo de toda a viagem…Belmiro, não serves para nada).
Mas, tínhamos de voltar à estrada, porque a noite começava a cair.
Decidimos pernoitar em Espinho. E, apesar de tudo, encontrámos uma pensão na rua principal (para aí a número 1…raio de coisa numerar as ruas), bastante barata. Fomos comer a um espaço onde pagámos quase nada por uma refeição rápida.
E, caminhámos pela cidade, vendo montras e olhando para o casino de longe, não fosse o diabo tecê-las e tendo nós um orçamento limitado.
Acabámos o dia a dizer parvoíces na cama, a esquecer a nossas vidas e a querer cada vez mais caminhar para novos horizontes.
5º Dia – De Espinho a Barcelos
Andámos por lá às voltas, sendo que às tantas fomos dar aos estúdios da RTP…mais umas voltas, travagens bruscas e peões kamikaze saímos dali o mais rapidamente possível, seguindo a placa que dizia “Leça do Balio”.
Aqui já andávamos mais sossegados…a terra pareceu-nos bastante calma. Fomos andando, andando, à procura de uma qualquer placa castanha com uma qualquer informação pseudo-cultural e lá demos com uma que dizia “Mosteiro de Leça do Balio”. Ora nós não estivemos de modas e encaminhámo-nos logo para lá.
O Mosteiro era majestoso. Situado numa zona verdinha em que só se ouviam os passarinhos…a porta estava entreaberta, pelo que nos decidimos a entrar. Um tanto a medo empurrámos a porta e qual não foi o nosso espanto quando encontramos um casamento. Um casamento, no mínimo, surreal: os noivos estavam mesmo em frente ao altar, ladeados por 2 testemunhas. O padre estava entre os dois e falava baixinho. O corredor era infindável e a própria envolvência da cena esmagadora. Adorámos a visão que tivemos. Fechámos a porta atrás de nós e abandonámos o local respeitosamente.
Atrás de nós estava uma Junta de Freguesia. Como andávamos com uma tradução “às costas” precisávamos de aceder à Internet, pelo que nos lembrámos de ir perguntar onde poderíamos fazê-lo. A senhora era muito simpática, mas ficámos com a sensação que a Internet ainda não tinha chegado a Leça.
Entretanto o estômago já se queixava, pelo que decidimos abandonar Leça e ir procurar outra terra e pouso para encher a barriga. Chegados a mais um cruzamento, optámos por escolher a placa que dizia “Santo Tirso”.
Chegados a Santo Tirso ligámos às mamãs enquanto encomendávamos umas francesinhas. Engolimos ao almoço ouvindo as recomendações das mães (tiram todas o curso no mesmo lado) e empapando as batatas fritas no molho…gulp…que fome que isto está a dar!
O único senão de estarmos em pleno Inverno é que os dias acabam mais cedo, o que nos levou a abandonar Santo Tirso mais cedo a caminho de V.N. Famalicão. Em V.N. Famalicão fomos até ao Banco levantar dinheiro. Eu sei, devíamos ter ido até ao MB…mas, quando os bancos se armam em parvos a Maria gosta de os chamar à razão…enfim…não interessa contar o que se passou, a não ser os gritos da Maria e da funcionária e o rabinho entre as pernas da segunda, assim que se apercebeu da calinada!
Com dinheirinho no bolso e a deitar fumo pelas orelhas, demos umas voltas pelo centro histórico e fomos à nossa vida, visto que o dia já estava a caminhar para o seu fim.
Entretanto decidimos aproveitar o resto das horas de sol em Barcelos, pelo que pusemos os pés ao caminho (o mesmo será dizer que o Corsa chegou-se à frente e levou-nos até lá).
Em Barcelos fizemos o dia render assim que arranjámos caminha: fomos ao mercado que põe o de Carcavelos a um canto…ele era galinhas, barro e camisolas tudo ao molho! A loucura!
Depois de sairmos daquela avalanche de gente, penas e pó, fomos passear um bocado procurando algum sítio para jantar. Ao fim de algum tempo demos com uma tasca muita acolhedora com ares de ser baratucha (tal era o número de tesos como nós a encaminhar-se para lá). Comemos umas alheiras grelhadas e um branquinho da região que até estalou! Os donos eram uns fixes: a senhora era francesa -emigrante! – e pouco faladora e o senhor muito atencioso.
Assim que acabámos o nosso repasto levantámo-nos a custo e fomos até à rua passear. O frio era qualquer coisa de absurdo!
O fumo a sair da nossa boca até dava vontade de rir…devagarinho fomos andando até chegarmos à Residencial D. Nuno, onde dormimos bem quentinhos e aconchegados.
6.º dia - De Barcelos a Antime
Saímos dali ainda com alguma sanidade, enfrentámos o nevoeiro cerrado e lá fomos a caminho de Viana do Castelo.
7.º Dia - De Guimarães a Tui
8.º Dia - De Tui a Santiago de Compostela
E acreditem, ao invés das nossas suspeitas, digamos que aquilo não é propriamente pequeno. É lindo e estava cheio de gente; as filas eram intermináveis e, apesar de se tratar do mês de Dezembro, amontoavam-se grupos de peregrinos em redor dos mimos que imitavam um faraó e o hombre de hojalata, que é como quem diz o Homem-de-lata.