sexta-feira, 18 de maio de 2007

Instruções:

Como isto só faz sentido contada dia a dia, e como o Blogger tem a mania de afixar os posts mais recentes primeiro, tive de alterar um pouco a coisa. Por isso, isto está mesmo afixado por ordem de dias...que é como quem diz, vão lendo para baixo. Obrigado por nos acompanharem nesta viagem.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Como tudo começou

Após termos vivido uns quantos anos enquanto casal não oficial, resolvemos um dia juntar os trapinhos e legalizar a nossa situação perante os olhos das Finanças e do Estado.
Uma breve conversa bastou, para nos apercebemos que o nosso casamento não iria ser o típico casamento português. Não houve tendas, cisnes ou fotografias idiotas (abrace lá o pinheiro e sorria s.f.f.).
Casámos de traje civil, com uns quantos amigos que nos resolveram surpreender, e com a nossa família mais directa a assistir. Feita a coisa, passámos dois dias em almoços e jantares de comemoração: com os amigos de um sítio, com a família, com os amigos de outro sítio…
E, a nossa lua de mel, planeada até à exaustão (comprámos um mapa a meio do caminho), começou numa manhã em que estávamos um pouco ressacados da(s) festa(s) anterior(es).
A ideia inicial, era percorrer o máximo de kms no país, passando por qualquer lado que ainda não conhecêssemos como casal, tendo como meta La Coruña. (sítio onde nunca chegámos a ir, mais tarde saber-se-á porquê?)
É essa a história, odisseia, viagem, que vamos aqui tentar descrever uns anos depois.

terça-feira, 1 de maio de 2007

1.º Dia – De Fátima à Praia do Porto Novo

Após termos saído de Santarém (facto que nos agradou a ambos, visto estarmos fartos dos nossos empregos e dos nativos da terra), dirigimo-nos para a nossa primeira paragem: Fátima e o seu Santuário. Apesar do noivo não ser católico, a noiva é, e fomos abençoar o nosso casamento ao Santuário e pedir a Fátima apoio e orientação para a viagem que iríamos fazer (na estrada e nas nossas vidas).
Não ficámos lá muito tempo, porque já conhecíamos bem aquilo e o nosso objectivo ali não era turístico. Metemo-nos à estrada, e fomos visitar um dos mais belos monumentos existentes em Portugal: o Mosteiro de Santa Maria da Vitória (vulgo Batalha).
Como era Domingo, não tivemos de pagar entrada, facto que desconhecíamos totalmente. E, descobrimos outra coisa que nos acompanhou durante toda as visitas: turismo em Dezembro é excelente. Poucos visitantes e pouca confusão.






Decidimos ir almoçar a Alcobaça. Nenhum de nós conhecia o Mosteiro, mas soara-nos que era tão bonito como o da Batalha. Nada mais mentiroso. É uma típica Sé Portuguesa, sem o impacto e o encanto da Batalha. Para piorar a decepção, toda a praça em frente ao mesmo estava em obras. Outra das coisas que descobrimos ao longo da viagem, era que nos perdíamos com alguma facilidade, devido à falta de placas a indicar localidades ou monumentos.
Como ainda estávamos a fazer contas ao dinheiro que tínhamos conseguido para a viagem, almoçamos a bela da tosta numa esplanada em frente ao Mosteiro.




Seguimos caminho para as Caldas da Rainha, e seguimos caminho pelas praias. Foz do Arelho, S. Martinho do Porto e Nazaré, onde fizemos outra das maravilhosas descobertas do dia: em Dezembro os dias acabam cedo.

Uma colega nossa de curso e a sua irmã ofereceram-nos um voucher para um Hotel na Praia do Porto Novo. Uma noite grátis num Hotel 5 estrelas (achamos nós), nada melhor para começar a nossa Lua de Mel.
Voltámos a descer o país, em direcção à Lourinhã e ao Porto Novo. Mas, não foi fácil encontrar o Hotel (novamente as placas). Quando demos com ele, no meio de um nevoeiro enorme e uma noite escura, foi uma visão do paraíso. Embora não desse já para ver nada, ao menos iríamos dormir em estilo.
Aconselharam-nos no Hotel (a irmã dessa nossa colega, que por sorte trabalhava lá nessa noite), a descermos mais um pouco até à Praia de Santa Rita e procurarmos lá um restaurante para jantar. Descobrimos um baratinho e impecável, onde comemos um maravilhoso peixinho.
Voltámos ao Hotel… estávamos arrumados. No dia seguinte, voltaríamos à estrada.

2.º Dia – Da Praia do Porto Novo a Aveiro

O dia seguinte foi dos melhores. Saímos cedo da caminha (o quarto era todo high tech, pelo que para secar o cabelo foi preciso chegar ao limiar da depressão nervosa para o noivo se lembrar de me dizer como é que aquela bodega funcionava) e lá fomos para o piso dos cumeres e bueres. E sabem o que nos surgiu diante dos olhos? O magnífico pequeno-almoço (gaita, esqueci-me dos tupperwares!) composto por TUDO o que vos pode passar pela ideia… e então vai de comer!!! Uma paisagem magnífica era também o mar mesmo ali à frente, que num dia de nevoeiro fininho estava basicamente inigualável. Muito bom!




O único senão era estarmos na mesma sala que uma carrada de espanhóis que, como se sabe, onde vão armam barraca. Falavam muito alto e andavam a cirandar de um lado para o outro, ao ponto de eu estar à beira de largar um valente: “opá, e sentarem o rabo, não apetece?” pelo que o meu príncipe encantado da perícia social me sugeriu que me mantivesse sossegada. Eu mordi-me toda, mas estive caladinha.

(meto aqui a colher na descrição da mulher. Antes de continuarmos a viagem, ainda estivémos na praia a ver o mar, e eu a ver a sorte que tenho na mulher com quem me casei)




Bom, a paragem seguinte foi em Óbidos. O noivo já lá tinha ido, a noiva não, pelo que adorei aquilo. Fomos à magnífica dependência da Caixa levantar a maquia para o dia e o senhor que nos atendeu pareceu-nos extremamente simpático. Ou era isso ou éramos nós que estávamos no modo “bright side”. Calcorreámos a vila de fio a pavio e tirámos fotos a tudo, inclusivamente a um velhinho que estava a apanhar sol na soleira da porta e que fugiu logo. O dia estava muito quente, ao ponto de, em pleno mês de Dezembro, o noivo ter andado de t-shirt.








Por volta da hora do almoço zarpámos para Leiria onde descobrimos que tínhamos ganho 12 espectaculares euros no Euromilhões …que fomos derreter no MacDonald’s ao lado da tabacaria. Isto só pode ser um bom augúrio! – Pensámos nós…resta dizer que desde esse dia até hoje não voltámos a ganhar a ponta de um chavelho.Leiria não teve direito a visita porque o nosso objectivo do dia era visitar Conímbriga e Coimbra, e se possível, ir dormir a Aveiro, pelo que deglutimos os Big Mac’s já dentro do popó. Chegados a Conímbriga o tempo começou a arrefecer e a escurecer, de modo que Conímbriga ficou no nosso inconsciente como um local mais ou menos votado ao abandono. O percurso está assinalado com setas mas, sem direito a visita-guiada, tudo não passa de um monte de calhaus no meio de erva que demasiado alta…ao ponto de não se ver sequer os calhaus.







Fartinhos daquilo viemos embora com um mau sabor de boca. Encaminhámo-nos então para Coimbra. Coimbra é, de facto, uma cidade lindíssima e lúgubre ao mesmo tempo. Há uma aura de solenidade em cada cantinho da cidade. Gostámos muito. Novamente, não conseguimos dar com os sítios que queríamos às boas. O noivo quase que atropelou uma velhota à porta do Portugal dos Pequeninos (onde andámos às voltas …4 vezes …). Quando demos com o Convento de Santa Clara, descobrimos que aquilo estava em obras, mas, o senhor arrumador queria que pagássemos estacionamento que vem como bónus do bilhete…ora se não há bilhete…vão dar uma curva!
Fomos visitar a Universidade, demos umas voltas por lá, tirámos as típicas fotos do Mondego e calcorreámos um pouco da cidade (que tem um trânsito impróprio para cardíacos!). Soube bem.






Perto da hora de jantar rumámos a Aveiro onde nos esperava um belo colchão e um gato apanhado dos carretos!
Aveiro foi, desde sempre, na nossa opinião uma cidade de eleição para trabalhar e viver, e quisemos então usufruir do máximo do que havia para ver, e comer!!!


O nosso amigo LúciFer aconselhou-nos a visitar determinados sítios durante o dia seguinte, aquela noite estava reservada a outros prazeres: a francesinha aveirense!
Lembro-me que havia um jogo qualquer, pelo que fomos jantar a um sítio mais sossegado para pormos a conversa em dia nas calmas. A francesinha não era grande coisa. Comemos cada um a sua e a seguir fomos para outro spot, onde, aí sim, comemos umas francesinhas deliciosas. (2 cada um! Acrescente-se que já tínhamos uma no bucho …)

A noite passou-se bem. Demos umas voltas a pé pela cidade que estava iluminada com as luzes de Natal e enregelámo-nos até aos ossos!
Aproveitámos ainda para enviar umas traduções a um cliente e afundámo-nos no colchão que o LúciFer tão gentilmente nos cedeu para pernoitarmos.

3.º Dia – Aveiro

A chegada a Aveiro fez-se já durante a noite, pelo que a vista circundante da casa do LúciFer era uma incógnita. Mal acordámos recebemos a visita do PequenoGato, que subiu para o parapeito da janela, como que obrigando-nos a deitar o olho para a magnífica vista do quarto do dono:



Pois, é o reservatório da água.
Tomámos o nosso banhinho (daí a utilidade do reservatório da água…) e rumámos à aventura...ou qualquer coisa do género.
O pequeno-almoço foi tomado numa das inúúúúmeras pastelarias venezuelanas da zona, cujo balcão nos põe em risco de afogamento em baba-própria…De barriga aconchegada fomos percorrendo as ruas da cidade até à Ria, que, devido à altura do ano, se encontrava cheia e pouco fedorenta. É que ao que consta o cheiro costuma ser poderoso.





Fomos visitando as ruas à volta da Ria, descobrindo Praças e Ruas em calçada portuguesa, onde o comércio tradicional ainda vive e as pessoas preenchem as ruas numa moldura humana bonacheirona.




Mas, temos também um dos melhores projectos de arquitectura moderna no Fórum Aveiro. Um centro comercial que não é um mamarracho no meio da cidade e onde se respira durante as compras.
Como tínhamos de enviar as traduções efectuadas no serão anterior, procurámos um espaço Internet em Aveiro. Descobrimos um depois de termos ido ao Turismo, E, surpresa das surpresas, fomos atendidos por um funcionário público simpático…NOT! Como imprimimos 4 páginas ao invés das 3 regulamentadas, o SINHOR apresentou queixa, deu tiros para o ar e gritou “que Alá guie as minhas balas!” Ou qualquer coisa assim, vá…





Como aquilo é muito grande a fome chegou que nem demos por ela. Encontrámos o nosso guia que nos levou à mais maravilhosa incursão pela gastronomia Aveirense: os hambúrgueres da RAMONA!!!! Para todos os que estão a pensar, o que raio é que os hambúrgueres têm a ver com isto, deixem que vos diga uma coisa: até comerem um hamburger com queijo, fiambre, tomate, alface, molho de cogumelos, ovo estrelado, batatas fritas e um hamburger de vaca do tamanho de um boião da Nívea (dos grandes), nunca comeram nada de jeito. Aquilo vem preso com um pau de espetada…não é um palito…um pau de espetada…shlerp…shlerp.
Com a barriga a parecer uma melancia, fomos beber café e deambular mais um bocado…pensámos em arrancar à tarde, mas o passeio foi-se alongando por Museus e Exposições, pelo que decidimos ficar por lá até ao dia seguinte.



Aveiro é uma cidade equilibrada entre o tradicional e o moderno. O centro não difere de qualquer outra cidade: os velhotes à porta dos cafés, as pessoas movimentam-se nos seus afazeres diários…mas, há qualquer coisa que se nota: as pessoas são simpáticas e afáveis, talvez pela larga percentagem de população universitária que lá reside.
Como decidimos pernoitar mais uma noite, fomos confirmar a verdadeira delícia dos hambúrgueres da RAMONA, que, caso não tenhamos mencionado anteriormente são DIVINAIS!!!!
O LúciFer nessa noite estava a trabalhar num Bar, ao que lhe fomos fazer companhia, tornando-nos parasitas de balcão ao lado de pitas que não o largavam…enfim, há coisas que não mudam.

No regresso a casa contemplámos, mais uma vez, as simples mas maravilhosas iluminações de Natal da cidade, que nos acompanharam a casa como um anjo da guarda azul.

No dia seguinte iríamos, finalmente seguir viagem. Mas este dia em Aveiro fez-nos repensar no sítio onde gostaríamos de criar os nossos filhos…isso e na comida…eheheh

4.º Dia – De Aveiro a Espinho

Acordámos bastante cedo. Aliás, começamos a considerar que, como o dia acabava cedo, tínhamos de arrancar cedo. Fizemos as nossas despedidas da cidade de Aveiro e dos nossos anfitriões, com a promessa de voltarmos a passar por lá.
Resolvemos sair da cidade para tomar o pequeno-almoço. Se ficássemos lá, ainda éramos corrompidos pelo desejo de ali permanecer. E, escolhemos uma pequena vila chamada Salreu para o fazer.
Quando lá chegámos, ainda meio a dormir, entrámos no café sem sequer olhar em redor. Mas, ao sair, e com o café a fazer efeito, reparámos na beleza da terra. Uma bonita igreja rodeada de um jardim e jogos de água, no centro da vila.


Ao aproximarmo-nos da igreja, ouvimos umas vozes celestiais, que cantavam cânticos de fé. O coro do Salreu estava a cantar na igreja e ficámos ainda um pouco a ouvir aquele canto dos céus.


Arrancámos em direcção ao nada. Não tínhamos nenhum plano a partir daí.

E, as setas levaram-nos a Oliveira de Azeméis. Onde fomos surpreendidos com o mais lindo parque natural, o Parque de La Salette.


Cheio de caminhos pelo meio da floresta, com um lago e uma igreja no topo, a beleza daquele lugar é extraordinária.

Tanta que a Maria resolveu ir comprar uns snacks num hipermercado para comermos ali, no parque de merendas (Nota: foi a refeição mais cara que tomámos ao longo de toda a viagem…Belmiro, não serves para nada).


De bandulho cheio, marchámos a direito para S. João da Madeira. Aqui, outro parque natural, bastante similar ao seu vizinho, mas, não sei porquê, achámos o La Salette bastante mais agradável que o de N. Sr.ª da Piedade.


Voltámos à estrada, desta vez em direcção a Santa Maria da Feira. Resolvemos visitar o castelo, que nos pareceu bastante agradável…mas, lembrem-se disto, levem dinheiro vivo. Porque Multibanco não paga entrada e o mais próximo é na cidade…


O castelo é basicamente muralhas e caminhos. Mas, gostámos bastante. É calmo e fresco.


Fomos tomar o lanche a Santa Maria. Onde a modernidade se confunde com o histórico, onde a cultura se confunde com o movimento.

Mas, tínhamos de voltar à estrada, porque a noite começava a cair.
Decidimos pernoitar em Espinho. E, apesar de tudo, encontrámos uma pensão na rua principal (para aí a número 1…raio de coisa numerar as ruas), bastante barata. Fomos comer a um espaço onde pagámos quase nada por uma refeição rápida.

E, caminhámos pela cidade, vendo montras e olhando para o casino de longe, não fosse o diabo tecê-las e tendo nós um orçamento limitado.
Acabámos o dia a dizer parvoíces na cama, a esquecer a nossas vidas e a querer cada vez mais caminhar para novos horizontes.

5º Dia – De Espinho a Barcelos

Acabadinhos de acordar (a pensão em que dormimos tinha um conceito de duche que nos deixou muito bem acordadinhos) rumámos até Gaia (apaguei o “Vila Nova de” a tempo). No segundo a seguir arrependemo-nos amargamente: o trânsito era absolutamente caótico; num percurso de mais ou menos 2 Km apanhámos uns quatro acidentes. Cada um mais bizarro do que o outro…
Andámos por lá às voltas, sendo que às tantas fomos dar aos estúdios da RTP…mais umas voltas, travagens bruscas e peões kamikaze saímos dali o mais rapidamente possível, seguindo a placa que dizia “Leça do Balio”.
Aqui já andávamos mais sossegados…a terra pareceu-nos bastante calma. Fomos andando, andando, à procura de uma qualquer placa castanha com uma qualquer informação pseudo-cultural e lá demos com uma que dizia “Mosteiro de Leça do Balio”. Ora nós não estivemos de modas e encaminhámo-nos logo para lá.



O Mosteiro era majestoso. Situado numa zona verdinha em que só se ouviam os passarinhos…a porta estava entreaberta, pelo que nos decidimos a entrar. Um tanto a medo empurrámos a porta e qual não foi o nosso espanto quando encontramos um casamento. Um casamento, no mínimo, surreal: os noivos estavam mesmo em frente ao altar, ladeados por 2 testemunhas. O padre estava entre os dois e falava baixinho. O corredor era infindável e a própria envolvência da cena esmagadora. Adorámos a visão que tivemos. Fechámos a porta atrás de nós e abandonámos o local respeitosamente.
Atrás de nós estava uma Junta de Freguesia. Como andávamos com uma tradução “às costas” precisávamos de aceder à Internet, pelo que nos lembrámos de ir perguntar onde poderíamos fazê-lo. A senhora era muito simpática, mas ficámos com a sensação que a Internet ainda não tinha chegado a Leça.
Entretanto o estômago já se queixava, pelo que decidimos abandonar Leça e ir procurar outra terra e pouso para encher a barriga. Chegados a mais um cruzamento, optámos por escolher a placa que dizia “Santo Tirso”.
Chegados a Santo Tirso ligámos às mamãs enquanto encomendávamos umas francesinhas. Engolimos ao almoço ouvindo as recomendações das mães (tiram todas o curso no mesmo lado) e empapando as batatas fritas no molho…gulp…que fome que isto está a dar!
O único senão de estarmos em pleno Inverno é que os dias acabam mais cedo, o que nos levou a abandonar Santo Tirso mais cedo a caminho de V.N. Famalicão. Em V.N. Famalicão fomos até ao Banco levantar dinheiro. Eu sei, devíamos ter ido até ao MB…mas, quando os bancos se armam em parvos a Maria gosta de os chamar à razão…enfim…não interessa contar o que se passou, a não ser os gritos da Maria e da funcionária e o rabinho entre as pernas da segunda, assim que se apercebeu da calinada!
Com dinheirinho no bolso e a deitar fumo pelas orelhas, demos umas voltas pelo centro histórico e fomos à nossa vida, visto que o dia já estava a caminhar para o seu fim.
Entretanto decidimos aproveitar o resto das horas de sol em Barcelos, pelo que pusemos os pés ao caminho (o mesmo será dizer que o Corsa chegou-se à frente e levou-nos até lá).




Em Barcelos fizemos o dia render assim que arranjámos caminha: fomos ao mercado que põe o de Carcavelos a um canto…ele era galinhas, barro e camisolas tudo ao molho! A loucura!
Depois de sairmos daquela avalanche de gente, penas e pó, fomos passear um bocado procurando algum sítio para jantar. Ao fim de algum tempo demos com uma tasca muita acolhedora com ares de ser baratucha (tal era o número de tesos como nós a encaminhar-se para lá). Comemos umas alheiras grelhadas e um branquinho da região que até estalou! Os donos eram uns fixes: a senhora era francesa -emigrante! – e pouco faladora e o senhor muito atencioso.
Assim que acabámos o nosso repasto levantámo-nos a custo e fomos até à rua passear. O frio era qualquer coisa de absurdo!

O fumo a sair da nossa boca até dava vontade de rir…devagarinho fomos andando até chegarmos à Residencial D. Nuno, onde dormimos bem quentinhos e aconchegados.

6.º dia - De Barcelos a Antime

No início do sexto dia, e à semelhança do que já vínnhamos fazendo, levantámo-nos com as galinhas, para visitar um lugar onde o esposo já tinha trabalhado em voluntariado: a Casa de Saúde São João de Deus (vulgo manicómio, casa dos tolos, casa amarela).


Saímos dali ainda com alguma sanidade, enfrentámos o nevoeiro cerrado e lá fomos a caminho de Viana do Castelo.
Como não havia guito para portagens e porque até nem andávamos com pressa, decidimos ir por dentro da serra para testemunharmos o modus vivendi daquelas pessoas rudes do campo.
BURROS! Ao fim de uma boa centena de quilómetros em estradas de cabras, o carrito decidiu dar-nos a conhecer o seu estado de alma, que se traduziu num sobreaquecimento do motor...


Parámos o carro no meio de uma estrada de paralelos mal esgalhados e olhámos à volta. Estávamos exactamente no meio do nada: à nossa frente corria um regato e pastavam umas cabras. Atrás de nós só havia casas que ou estavam abandonadas ou deveriam estar.



A Mariazinha foi logo armada em Indiana Joana par ao meio da mata e o Eskisito abriu o capot para verificar que o nível de óleo andava pelas ruas da amargura...
Atestado o carro de coiso e tal, seguimos caminho então para Santa Luzia que, pelos nossos cálculos, ficaria para lá do sol posto três dias. Mais coisa menos coisa.
Já com o rabiosque dorido de tanta estrada de pedregulhos, eis que chegamos a Santa Luzia.


O espaço é de uma grandiosidade que nos bate com força no peito. O dia começou com nevoeiro mas no momeno em que adquirimos o Manel e a Maria já o sol nos aquecia as costas.
Por ser dia de semana, no local estávamos praticamente só nós e dois senhores.
Curiosamente, fizemos a visita sempre com eles no encalço...
Aquilo era muito giro. Mesmo muito. E como a Mariazinha faz anos no dia de santa Luzia (google it) delirou com cada pormenor. O pior foi mesmo a subida SEM ELEVADOR ao zimbório ou zimbódrio ou lá o raio. Digamos que quem sofre de claustrofobia não deve sequer pensar em pôr um pezinho que seja na entrada daquilo! Mas, a muito (MUITO) custo, lá chegámos. (E fomos dar com os dois gajos a fazer coisas de casal...pois é...)



Com o estômago colado às costas descemos a escada do demo, já com ela fisgada: almoço em Ponte de Lima.


E que almoço, meus caros. Que almoço. Depois de darmos umas voltas pela povoação que é absolutamente linda, escolhemos um tasco agradável e com vista para o rio para acabarmos com aquela traça. O bacalhau estava um espectáculo e mereceu fotografia. Ele e o seu comensal...


Como os dias em Dezembro são muito pequenos, a seguir ao almoço e após mais um passeio pelas ruas de Ponte de Lima, dirigimo-nos a Braga para visitarmos o Santuário do Sameiro e o Bom Jesus.


Sejamos honestos: a Mariazinha gosta mais do Sameiro e o Eskisito (megalómano do camandro) prefere o Bom Jesus. Period.


As escadinhas e as fontes e as estradinhas e mais não sei o quê, deixaram-nos de tal forma cansados que foi pegar no carro, encontrar um spot baratucho (isto de ser pobre está a tornar-se recorrente...) para dar ao serrote e encontrar novo sítio para passar a noite. Local escolhido: Antime. Como estávamos pertinho de Guimarães planeámos uma visita ao berço da nação logo no dia seguinte bem cedinho.


7.º Dia - De Guimarães a Tui

Acordámos com vontade de ver um Rei de perto. Guimarães estava ali mesmo ao lado e fomos em busca das nossas origens e da nossa história.


O castelo é de facto magnífico, imponente e isso tudo. Um monumento de pedra que marca a nosso berço enquanto nação e esses clichés todos.
O Afonso Henriques, ou a sua estátua, é de facto pequenino e a sua espada era realmente grande. Mas, o que mais nos captou a atenção foi a capela onde o mesmo orava para que Deus lhe desse forças para bater na mãe e matar uns quantos mouros.

Como o nosso guia era muito fraquinho, fomos um pouco à toa para o Palácio Ducal. Esse sim, uma verdadeira decepção. Demasiado limpinho, arranjadinho e outros inhos para algo que deve ser encarado como secular. A madeira cheia de verniz e os vitrais com data de 1960...parece que fizeram um bocadinho de batota.



Continuámos a caminhar pela cidade, descobrindo as suas ruelas e as suas praças, os seus monumentos fabulosos plantados ao longo da cidade. Uma cidade maravilhosa que numa manhã revelou os seus segredos para nós.



O estômago apertou e voltámos a Antime para o almoço, cozinhado em forno de lenha e com o toque de uma mãe, que tão bem alimenta os seus filhos, mesmo os adoptivos como nós.
Feitas as despedidas de tão bons anfitriões, rumámos para a fronteira, rumo à nossa última paragem portuguesa, a vila de Valença.

Transformada num gigantesco mercado de toalhas e lençóis, Valença aparece escondida. A sua beleza mantêm-se, apesar de tudo. E a vista para Tui acaba por nos convencer de vez a rumar para lá e procurarmos poiso para a noite.
Encontrada a pensão, jantámos a nossa primeira refeição em terreno espanhol, mas servido por portugueses. Um polvo e uns bifes fizeram o nosso repasto, regados com um vinho espanhol que, surpreendentemente, até era bonzinho.
No dia seguinte iríamos chegar ao nosso ponto final nesta viagem. E dormir foi uma tarefa muito complicada.

8.º Dia - De Tui a Santiago de Compostela

Assim que o primeiro raio de sol atravessou as vidraças, pusémo-nos a caminho. Ainda nos esperavam alguns (muitos!) quilómetros pela frente mas não queríamos deixar de dar uma voltas pelo casco histórico da cidade que se adivinhava prometedora. Seguimos as indicações que a sinalização nos apresentava de forma a encontrarmos o Mosteiro da cidade.

Era ainda muito cedo, pelo que pudemos aventurar-nos sem preocupações com trânsito. Enquanto percorremos ruas e ruelas, fomos descobrindo alguns recantos bem catitas, o Mosteiro é que era mentira. Passadas algumas horas de procura infrutífera, decidimos seguir o nosso caminho, olhando a cúpula de longe, enquanto seguíamos a sinalização que nos indicava Pontevedra.


Chegámos a Pontevedra en ayunas, pelo que parámos logo na primeira cafetaria e tomámos o nosso desayuno. A fome era negra e os balcões estavam repletos de pasteles, bocadillos y empanadas com um aspecto diabólico. Pedimos o nosso cafe con leche e cada um deliciou-se com a sua empanada de atum e o seu pastel, que à conta da mistura (ou seria da gula?) ocasionaram um belo dum desarranjo intestinal à noiva.Pormenores...


O dia começava a entrar no seu ritmo domingueiro, quando abandonámos a cafetaria, não sem antes o noivo ter ido perguntar à funcionária por los servícios. Momento de rara beleza, dada a incapacidade demonstrada no trato com os nuestros hermanos...(já cá faltava a expressão mais absolutamente irritante de que há memória...)


Passeámos pela praça principal, mesmo em frente ao ayuntamiento, e contemplámos a estátua erguida em memória dos mártires da 2ª Guerra Mundial, enquanto um cão enorme e uma criança pequenina se degladiavam ante o olhar embevecido dos pais ( enquanto o noivo augurava uma queda aparatosa e uma foto bem jeitosa...)


Já o dia se aproximava da hora de comer, já nós deixávamos a bela cidade de Pontevedra para trás (a bela da diarreia é que não, damn it!), encaminhando-nos pela estrada do Porriño em direcção a Santiago de Compostela.
A estrada era típica: aldeias de casas rústicas, rebanhos de ovelhas, feiras de terra em terra, e, talvez pela vontade, tudo parecia perfeito e exactamente como tínhamos imaginado.
Ao fim de alguns quilómetros de estrada praticamente deserta, começámos a encontrar cada vez mais trânsito e a própria paisagem também se modificou. Sem sabermos como (digamos que nos perdemos umas quantas vezes...) entrámos em Santiago e fomos ter exactamente ao centro nevrálgico da cidade: trânsito confuso, muitas pessoas a passear e a calmaria típica de um domingo.
Tentámos encontrar alguma placa com a indicação Catedral, para termos a noção da direcçaõ a seguir depois de estacionarmos o carro, mas a tarefa não fácil. A cidade apresentava-se bem maior do que aquilo que esperávamos, e a Catedral -pensávamos nós- não seria se calhar tão imponente (nós já nos rimos o suficiente...).


Desistimos da procura e fomos então à procura de caminha, por que, apesar de estarmos no nosso destino, e a ansiedade ser muita, por volta das 11 da noite já a noiva tem de estar em vale de lençóis...
Acabámos por ficar num hostal, que servia de residência de estudantes e que tinha também um restaurante que servia de cantina.: barato, prático e com umas coñdições excelentes, não tivessem os nossos vizinhos andado a jogar à bola nos corredores ao serão...
Feito o check in, pedimos indicações ao Recepcionista sobre que caminho deveríamos seguir para encontrar a Catedral. Fingimos que tínhamos percebido tudo e agradecemos, tendo a plena certeza que nos íamos perder.

Encontrámos o Bosque de Santa Suzana (ou seria Susana?), a Faculdade de tudo e mais alguma coisa, ficámos embevecidos com as ruas da cidade, absorvemos tudo, até que, ao fim de não sei quantas voltas e consultas ao mapa, encontrámos a Catedral de Santiago de Compostela.

E acreditem, ao invés das nossas suspeitas, digamos que aquilo não é propriamente pequeno. É lindo e estava cheio de gente; as filas eram intermináveis e, apesar de se tratar do mês de Dezembro, amontoavam-se grupos de peregrinos em redor dos mimos que imitavam um faraó e o hombre de hojalata, que é como quem diz o Homem-de-lata.

Desistimos de visitar o interior nesse dia, uma vez que outras oportunidades surgiriam, pelo que decidimos passear pelas imediações e deixar a Catedral para o dia seguinte.

Ainda nesse dia, fomos passear para o centro da cidade. Quando nos demos conta era noite e um tocador de harpa encantava o nosso passeio a dois.